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A urgência mata a arte: é preciso tempo para decantar




A arte pede tempo. Tempo para ser criada, tempo para ser absorvida. Mas vivemos em um mundo que corre, que quer tudo para ontem, que consome sem digerir. E nisso, a arte vira um produto de consumo rápido. Mas será que a arte se encaixa nessa urgência? Não. Porque uma obra não nasce do nada, não brota do vácuo. Ela é um diálogo com a história, com o que veio antes e com o que está sendo construído agora. Criar é uma conversa silenciosa com o passado e o presente.


Só que para entender essa conversa, não basta apenas olhar. A arte não se decifra em um clique ou num rolar de feed. É preciso ir além, aprender a ler entre as tintas, escutar o que cada forma e cada cor sussurram. A história da arte está repleta de significados que se entrelaçam, e enxergar isso requer um olhar refinado, que saiba questionar, conectar e interpretar.


Não faltam livros, vídeos e artigos sobre arte – a informação está, disponível. Mas informação sozinha não faz ninguém compreender arte. Pode-se decorar todos os movimentos artísticos e dados, mas sem um olhar analítico, sem pensamento crítico, tudo se torna apenas um acúmulo de dados sem vida. O que dá sentido à arte é a capacidade de relacionamento com o mundo, com a cultura, com o tempo em que foi criada e o impacto que provoca.

É esse olhar que eu cultivo e incentivo em meu trabalho. Porque a arte não deve ser apenas admirada, deve ser compreendida, sentida, questionada. Como curadora, mentora e artista, percebo que muitos se aproximam da arte com a ânsia de aprender, mas sem saber como olhar de verdade. E ensinar esse olhar é um dos propósitos que me movem. É sobre ensinar a ver além da tela, além da escultura, além da fotografia.


A arte também é um espelho do que somos. Ela reflete a política, a sociedade, as crises, os desejos e os dilemas de cada época. Quando nos aprofundamos nela, compreendemos melhor o mundo e nós mesmos. Um artista não cria no vazio – ele se alimenta de tudo ao redor. E, para quem aprecia, entender esse contexto faz toda a diferença. É por isso que consumir arte sem reflexão é como ler um livro só pela capa.


No mundo da arte, tudo dialoga. Um quadro contemporâneo pode ter raízes no Renascimento. Uma instalação pode responder a um manifesto do século passado. Nada está isolado. E essa autorreferência faz parte da essência da arte. Conhecê-la é um exercício de percepção e conexão – e isso exige tempo e dedicação.


Então, talvez a grande questão seja: estamos interessados ​​em desacelerar? A permitir que a arte nos transforme sem irgência? A arte não cabe na urgência do mundo. E é justamente isso que se torna tão essencial.

 
 

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