IMERSÃO VISUAL: A Expografia Encantadora de 'Dança da Vida' Mostra de Suzanne Gomide
- Marisa Melo
- 31 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de nov. de 2024
Explicar e explorar a expografia de uma exposição não é apenas descrever a disposição física das obras, mas revelar a narrativa oculta por trás do seu arranjo. A expografia é uma ferramenta curatorial essencial que conduz o visitante por uma jornada visual e emocional, orientando sua experiência estética e aprofundando sua conexão com a obra. Ao organizar as peças de uma maneira que valorize suas inter-relações e sequências, a expografia molda a percepção do público, ressaltando conceitos, significados e sensações que de outra forma poderiam passar despercebidos.
A mostra se inicia de maneira instigante com duas obras em destaque na vitrine, dentre elas um díptico, que imediatamente cativa o olhar do público. O díptico, em particular, traz a imagem de uma criança tocando o mundo com os pés, oferecendo um poderoso simbolismo de início e conexão com o universo. Essa abertura estabelece um elo visual e conceitual que conduz o espectador a uma narrativa fluida e contínua.
Ao seguir à direita, a exposição desdobra-se em uma série de obras abstratas, que sutilmente introduzem o espectador a uma jornada gradual de descoberta. A composição das peças revela o caráter transitório e efêmero da vida, enquanto mantém o observador imerso no fluxo natural da narrativa visual.
No centro da exposição, uma impressionante série de obras suspensas em tons de verde e azul emerge como o ponto focal da mostra. Essas tonalidades, simbolizando a vida e a natureza, assumem um papel de protagonismo visual, remetendo à intrínseca relação entre o ser humano e o ambiente natural. O uso dessas cores não apenas enriquece a composição cromática, mas também reforça a temática espiritual que permeia o trabalho da artista.

À medida que avançamos na exposição, somos suavemente conduzidos por uma transição para obras de maior densidade figurativa. Aqui, a exposição ganha corpo e profundidade, revelando um movimento cuidadosamente orquestrado entre o abstrato e o figurativo, do etéreo ao concreto. Sob o domínio dos verdes, movemo-nos para as nuances de azul, com cada tonalidade e forma servindo para intensificar o ritmo e a harmonia da exposição.
O percurso atinge seu ápice em poderosas abstrações em tons de azul oceano, encerrando a mostra com um impacto profundo e reflexivo. "Dança da Vida" torna-se uma metáfora visual da inevitável jornada humana, convidando-nos a abraçar a impermanência com uma consciência serena e renovada.