O Foco de Lincoln Lima
- Marisa Melo
- 31 de mai. de 2022
- 2 min de leitura

Nossa vida é a sequência das decisões que tomamos. O êxito e o fracasso se apresentam como resultado do que nós escolhemos. Decidimos nossa vida a cada momento. Algumas dessas definições são menores. Outras trazem um impacto irreversível. Napoleão costumava explodir as pontes durante suas invasões. Para que a seus soldados não restasse alternativa que não a vitória. Recuar deixava de ser opção.
O momento de decisão é o pano de fundo da obra “Focus”(foco) do artista Lincoln Lima. O observador se impressiona com o que vê quando reconhece na tela o seu próprio momento, seu próprio sentimento. Importa saber que o artista vive o mesmo que ele. Mas o impacto vem da identificação. É a imagem. É o sentimento compartilhado.
Lincoln expressa emoção, dor e decisão. Com as cores primárias, mais o cinza e o preto, ele apresenta na tela o olhar de quem sente o peso da inevitabilidade, a solidão do comando da própria vida. E uma seriedade de quem enfrenta caminhos sem volta.
A imagem se conecta a nossos próprios momentos, a nossas próprias decisões.
À direção em que dirigimos nossa energia, nossas forças, nosso foco.
O momento de encarar as mudanças necessárias na vida.
Prosseguir ou encerrar o relacionamento. Abandonar a opção profissional num mergulho sem volta. Resolver enfim, buscar num país distante uma vida menos sufocante.
O fundo é escuro. As cores são poucas. Lincoln nos prende na emoção do momento. Quando o que vamos fazer definirá o primeiro dia do resto de nossas vidas. E será sempre lembrado com o orgulho da coragem ou com o arrependimento amargo do passo errado.
Com “Focus”, Lincoln Lima retrata o desabafo de quem escolhe um rumo.
E por se concentrar na emoção, encontra o eco, toca a corda do coração de quem tenha vivido e sentido algo assim.
Precisamos da lembrança do momento passado. Para que no futuro não façamos um julgamento injusto, criticando o “eu” do passado. Que não conhecia e não havia vivido o que o “eu” do presente conhece e viveu. Mas aí já falamos de outro sentimento. Que, um dia, Lincoln pode retratar e nos mostrar como fica na tela.
Numa arte psicológica, que nos fascina porque nos entende e nos retrata.