Permanência de Roberto Pitela
- Marisa Melo
- 31 de mai. de 2022
- 2 min de leitura

Roberto Pitella artista visual, professor, curador, Roberto não se submete a limites estreitos e ortodoxos. Isto fica claro em sua obra “Permanência”. Nela estão conceitos derivados da formação acadêmica e do profundo conhecimento no campo da Psicologia. Em técnica mista, o trabalho já escapa ao limitado conceito bidimensional. A flor se projeta e traz um relevo ao mesmo tempo em que se mistura às tintas. Numa obra repleta de dualidades, ela traz em si a ruptura e a conciliação.
A sensualidade marcante está no predomínio de um vermelho de tango, batom e paixão. Num contraste com o amarelo que, além da energia, traz os duelos entre o bem e o mal. Uma combinação de American Beauty e Belle de Jour, a imagem transborda uma riqueza de possibilidades, como num filme de Buñuel, como em toda história de amor.
A flor se oferece, lânguida, sinuosa, capturando nosso olhar que a percorre numa reminiscência explícita, numa ansiedade premeditada pelo artista. Roberto Pitella nos conduz a uma reflexão sobre vida e morte. A flor está morta. Mas suas pétalas e seu amarelo se transmutam na tinta. Numa sugestão de que o fim possa não ser definitivo. Que há algo além da vida, que permanece muito depois da última batida do coração.
Quando tantos retratam a impermanência, Roberto Pitella nos desafia e nos traz a Permanência. Através do processo erótico de conquista, ele nos confronta com a relatividade do belo. A morte que rouba a vida não rouba a beleza. Que segue viva, quente e sedutora na memória de um beijo, de uma entrega, de uma noite.
Permanência que perturba e desmascara desejos e lembranças.
Da vida que passou.
Do amor que não morreu.